Migrando os afetos.

     

Viver onde nasceu pode ser previlegio de algumas pessoas mas tornou-se quase impossível manter-se vivo com atenção às necessidades básicas para imensas multidões.

A instabilidade ameaçadora se torna cotidiana e a dor dessa imposição alcança todas as faixas de idade das gerações contemporâneas em  quadrantes inusitados do mundo:- marcantes são as poucas imagens das numerosas famílias tentando deixar o México ou usando seus limites, para disputar um lugar pra viver no que consideram um afortunado país chamado Estados Unidos da América do Norte. Nossos olhares atônitos acompanharam a migração de syrios a pé, em inverno agudo , contavam-se em  mais de milhão buscando desesperadamente fugir para muito longe das guerras incessantes em seu país, chegando às margens de um mar possível, embarcavam em botes com pagas estorcivas onde eram empilhados e mais adiante- lançados às aguas frias, sem socorro pois os países das outras margens se recusavam a receber esses refugiados, num inexplicável e reeditado lavar de mãos do velho simbólico Pilatos!

Ucranianos enfrentaram a separação de famílias devido a recrutarem-nos para a defesa da Pátria contra a invasão russa... sendo às crianças e as mães e avós por exemplo permitida a migração para a Polônia, sem direito a contrariar as circunstâncias históricas!Centenas de milhares foram recebidos pelo povo polonês, o que pode ser considerada alguma sorte entendendo que seus pais e outros membros cada famílias recrutados para as lutas talvez nunca mais viessem a ser vistos outra vez!

Outras áreas de indescritíveis tensões são motivos de notícias semelhantes em alguns outros países da África , da Ásia, da Índia...

Mas um estrondo se ouviu na Zona de conflito interminável entre Palestina e Israel... e centenas de milhares estão vivendo e morrendo nesse cenário distante mas visível em tempo real pelos nossos celulares e televisores .

A novidade diante de tantos fatos semelhantes tem sido a ida de enormes contingentes de civis em outros países às ruas marcando com protestos a solidariedade aos sobreviventes e apelando por liberdade para viver.

Internamente nos países são pulsantes as migrações embora sejam medidas por grandes ocupações de periferias onde as dificuldades diante da pobreza generalizada, torna visíveis as imposições aos movimentos cujos custos parecem não interessar a ninguém.

Na contramão da migração imposta- pura e simples, o super mundo abastado faz deslocamentos de outra qualidade e são visíveis suas inúmeras belas e revigorantes opções.

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